A "liberdade" de Aquário e o conservadorismo

O signo de Aquário é frequentemente associado à liberdade e à revolução, muito por conta da relação com a regência moderna de Urano – um planeta associado a rompimentos e imprevisibilidade. Mas será que Aquário é, de fato, o signo do espírito libertário e revolucionário?

Aquário é um signo fixo e sua regência tradicional é de Saturno – planeta das estruturas, limites e rigidez – isso revela um signo que não traz necessariamente a liberdade, mas a inversão de estruturas dominantes e sistemas consolidados.

Essa inversão, embora aparente ser libertadora, muitas vezes resulta na substituição de um poder por outro, às vezes igualmente opressor ou até mais controlador. A contestação de hierarquias e o rompimento com o poder não garantem uma emancipação; em vez disso, podem criar sistemas ainda mais rígidos, mascarados sob a ideia de liberdade.

Como um signo de ar, Aquário opera no plano das ideias, mas devido a sua natureza fixa e Saturnina, torna essas opiniões inflexíveis e extremistas, podendo disseminar informações e construir um controle invisível, mas enraizado. Aquário pode criar uma ilusão de liberdade enquanto estabelece sistemas de controle rígido e uniforme. A "liberdade de expressão" que muitas figuras de extrema direita pregam é um exemplo claro disso.

Muito tem se falado sobre Plutão em Aquário; alguns até veem esse ingresso como um salvador, já que sua última passagem ocorreu durante a Revolução Francesa. Embora seja um marco histórico, Plutão nem havia sido descoberto naquela época, e tivemos outros aspectos astrológicos que refletiam o acontecido. Nenhum ingresso isolado explica tudo; o céu é um conjunto de fatores interligados. Nós vamos viver Plutão em Aquário agora, temos uma ideia do que pode ser, mas, na prática, ninguém nunca viveu sua manifestação no signo de Aquário depois de descoberto.

Além disso, Aquário pode ser surpreendentemente associado ao conservadorismo. Um exemplo recente disso foi Saturno em Aquário, entre 2020-2023, onde tivemos uma forte crescente de mentalidades conservadoras e arcaicas, muitas vezes disfarçadas de "revolucionárias".

Em essência, Aquário não é o signo da liberdade, mas sim do confronto e do incômodo. Ele desafia as estruturas, com resultados que podem tanto emancipar quanto aprisionar.